A lebre queixava-se continuamente de ser ignorante. Achava que era uma palerma e não havia modo de estar contente consigo própria. Desejava muito ter um pouco de inteligência e astúcia:
- Todos os animais são inteligentes e espertos! Só eu é que continuo uma palerma! - dizia para si própria insistentemente.
Um dia, enquanto rezava, resolveu apresentar o seu problema a Deus, que todos sabiam que era tão bom. Decidiu pedir-lhe ajuda:
- Meu Senhor, disse-lhe, todos os animais da floresta são inteligentes, sábios, cheios de capacidades... Só eu é que não presto para nada. Não poderias dar-me um pouco de inteligência?
Para seu espanto, ouviu logo a voz de Deus que lhe respondeu: - Está bem! Se é isso que tu queres, eu vou ajudar-te. Vai à aldeia e arranja uma abóbora grande; leva-a até ao cruzamento da floresta, faz-lhe um buraco e esconde-te lá dentro, de modo que ninguém te veja. Eu arranjarei modo de te dar a inteligência.
Toda a tremer de excitação, a lebre foi à aldeia, comprou uma abóbora e voltou a correr, indo colocá-la bem no meio do cruzamento. Só que, como achou que podia tornar-se perigoso ficar dentro da abóbora, resolveu não se esconder lá dentro, mas sim atrás de um arbusto que estava ali perto. Esperou cerca de uma hora e eis que apareceram dois meninos, cada um deles com um pau. Ao verem a abóbora, resolveram começar a dar-lhe cacetadas para ver quem a partia primeiro. Escusado será dizer que, num instante, a abóbora ficou feita em pedaços. E os meninos seguiram o seu caminho.
A lebre ficou branca de pavor. Voltou para casa e achou que já não ia rezar mais. Mas o seu descontentamento era tanto que resolveu voltar a falar com Deus:
- Ó Senhor! - disse-lhe, muito zangada, - eu pensava que tu eras bom! Já viste o que me teria sucedido se me tivesse escondido dentro da abóbora?
Como te atrevestes a pregar-me tamanha partida? - Querida amiga! - respondeu-lhe Deus, sorrindo, se tu não fosses inteligente terias morrido dentro da abóbora. Eu só quis mostrar-te que tu já tens toda a inteligência de que necessitas. Agora aprende a usá-la como deve ser!
A lebre entendeu o recado e, desde então, nunca mais precisou de se queixar ou de pensar que os outros animais eram mais espertos do que ela.
Ivana Cossar
quarta-feira, 13 de junho de 2007
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1 comentário:
=D bela lição!
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